Os irmãos Henrique José e Gil Dominguez representam a 4ª geração da família ligada à indústria de papel.
O bisavô Alejandro Diaz de Tuesta y de la Vega, de origem basca, trabalhou em várias fábricas em Espanha, nomeadamente em Arrigorriaga, até que, em princípios do século XX, foi convidado para vir para Tomar impulsionar o desenvolvimento da Fábrica de Papel da Matrena. Aí instalou a Máquina II, a qual se manteve em funcionamento quase até ao encerramento definitivo da Fábrica.
O outro bisavô, Amador Augusto Dominguez, de origem galega, esteve sempre ligado ao comércio de papel. Foi um elemento activo no desenvolvimento da Papelaria Fernandes e seguidamente foi um dos fundadores da Firma Dominguez & Lavadinho que teve grande projecção como armazenista de papel e de artigos de papelaria. Posteriormente, com o filho Laureano (avô do Henrique e do Gil) criou a Amador A. Dominguez & Cª Filho que se manteve em actividade até ao fim dos anos 60.
Fábrica de papel
No início dos anos 30, juntamente com alguns sócios, Alejandro Diaz de Tuesta y de la Vega criou a Fábrica de Cartão e Papel de Ota Lda, em Alenquer. O nome da fábrica ficou a dever-se a um facto curioso. De visita ao local perguntaram a quem os acompanhava como se chamava aquele rio. O acompanhante respondeu que se tratava do rio Ota. Estava encontrado o nome da fábrica, mesmo se a ribeira de Ota passa alguns quilómetros mais a Norte. Santa ignorância que tantas confusões criou a quem procurava a fábrica.
Perante o desinteresse dos outros sócios, o D. Alexandre (como era conhecido) viu-se como único proprietário com sua mulher, as duas filhas e os genros. A qualidade dos papeis de impressão e escrita produzidos na Ota chegaram a ser reconhecidos no mercado.
Mas foi sobretudo a produção de cartões para embalagem com 100 % de fibra reciclada, em espessuras ate 5 mm, que liderou o mercado durante muitos anos. A fábrica ficou praticamente destruída pelas cheias de Novembro de 1967 e no ano seguinte a família vendeu a empresa a dois antigos colaboradores. Depois de ter tido vários proprietários acabou por cessar a actividade em finais do século XX. Para a história fica o facto de ter sido um dos primeiros moinhos de papel a ser instalado em Portugal, por iniciativa de um irmão de Damião de Góis ( século XVI ).
Henrique Dominguez
Não admira que o Henrique Diaz de Tuesta Dominguez (pai do Henrique e do Gil) tivesse o destino traçado e fosse inevitavelmente frequentar (na segunda metade dos anos 50) a Ecole Française de Papeterie, em Grenoble.
Regressado a Portugal, também inevitavelmente, foi trabalhar para a fábrica familiar. Algum tempo depois foi convidado para colaborar com a Tecnil que, á data, era, possivelmente, o mais importante representante de equipamentos para as indústrias de Papel e Celulose.
Desde então, e apenas com uma breve passagem pela indústria para "arrancar" uma instalação de cartolina "couché" e estudar a implementação de uma máquina de cartão (que nunca chegou a ser instalada devido ao 25 de Abril) esteve sempre ligado á actividade técnico-comercial sendo parte activa e interessada em todos os projectos desenvolvidos em Portugal a partir de 1967 (Máquina I da Inapa, máquina de papel da Socel-desactivada, máquina de cartão da Prado e, ulteriormente , máquinas I e II da Soporcel ).
Desde 1974 que o Henrique Dominguez passou a trabalhar por conta própria baseando a actividade nas "vestimentas" das máquinas de papel o que o levou a conduzir a transição, em Portugal, para as vestimentas modernas e, nomeadamente, a vender, instalar e arrancar as primeiras teias sintéticas em Portugal, em substituição das clássicas teias de bronze.
Sócio fundador da Tecnicelpa
Foi com muito prazer e entusiasmo que o Henrique Dominguez se envolveu na criação e no lançamento da Tecnicelpa - Associação Portuguesa dos Técnicos das Indústrias de Celulose e Papel da qual é um dos quatro membros fundadores. O objectivo do lançamento desta associação foi o de criar uma interligação e uma troca de conhecimento entre os técnicos deste sector. O êxito foi total visto que essa interligação era sentida por todos como uma necessidade pois de facto, à data da criação, não existia qualquer contacto entre técnicos.
Actualmente a Tecnicelpa tem cerca de 350 sócios individuais e perto de 100 sócios colectivos. Com 35 anos de existência, ganhou o respeito e o reconhecimento de técnicos, universidades e empresas, nacionais e estrangeiras o que fica bem patente pela qualidade dosparticipantes nos congressos e eventos que organiza.